16 abril 2008

Manaus 2008

Em sua 12a. edição, o Festival Amazonas de Ópera se divide entre a inovação e a tradição.

Ontem, 15 de abril, o Festival Amazonas de Ópera (FAO) deu o primeiro passo de mais uma etapa de sua existência, ao abrir a edição deste ano com a ópera "Ça ira", de Roger Waters (que já integrou da banda de rock inglesa Pink Floyd). Sob a direção artística do maestro Luiz Fernando Malheiro (auxiliado por um fiel séquito de músicos e produtores) o evento contará ainda com a apresentação de novas produções de "Ariadne auf Naxos", de Richard Strauss, "Maria Golovin", de Giancarlo Menotti e "Turandot", de Giacomo Puccini. Além das produções da casa, o FAO faz sua parte no processo de parceria de produções operísticas brasileiras, ao levar a Manaus a montagem paulistana de "João e Maria", que em contrapartida abrigará em agosto a montagem manauara de "Ariadne auf Naxos". Além das óperas, apresentações musicais variadas serão levadas ao palco ao longo do festival, que se encerra em 31 de maio.

Trata-se de um tour de force, no sentido mais verdadeiro que este galicismo pode expressar. Orquestra, cantores, maestros, técnicos, produção, governo e patrocinadores há meses se desdobram para colocar em pé este que é não apenas o principal evento lírico brasileiro, mas sobretudo um dos principais eventos musicais do país.

Para este ano o FAO volta a investir na fórmula que lhe têm assegurado o sucesso de crítica e de público há vários anos, isto é, desdobramento entre a inovação e a tradição. Por um lado uma ou mais montagem de um espetáculo que saia da grande tradição operística (seja pela proposta de encenação, seja pela ópera em si). Pelo outro, óperas famosas já cativas no gosto do grande público.

No ano passado a fórmula foi colocada em prática ao encenar-se uma controvertida montagem de "O navio fantasma", de Richard Wagner, pela concepção do diretor alemão Christoph Schlingensieff. Somou-se a este espetáculo o ambicioso (e bem sucedido) projeto de encenar a inquientante "Lady Macbeth do Distrito de Mtzensk", de Dmítri Shostakóvitch, paralelamente a projetos mais "acessíveis" como a ópera "Poranduba", de Villani-Côrtes e uma série de concertos.

Este ano a ousadia está, evidentemente, em programar a ópera de um rockeiro para abrir o evento. É certo que a ousadia se refere muito mais a todo o contexto e exotismo que cerca o "Ça ira" de Waters do que pela música em si, mas mesmo assim o FAO acerta novamente o alvo ao se manter como um festival de ópera que, de uma maneira muito própria, é muito mais do que um festival de ópera.

A partir do próximo sábado, estendendo-se até do dia 22 de abril, o OutraMúsica cobrirá esta primeira grande leva do XII FAO, realizando não apenas resenhas dos espetáculos realizados durante este período, mas também lançando um olhar crônico sobre os bastidores e o entorno do evento e, com sorte, realizando entrevistas com alguns nomes que, de uma forma ou de outra, põem pra girar a roda desta grande festa da música lírica brasileira. Até lá!

Serviço:

XII Festival Amazonas de Ópera
(site: www.amazonasfestivalopera.com)
De 15 de abril a 31 de maio
Realização: Secretaria de Estado da Cultura do Amazonas
Patrocínio: Bradesco Prime e Lei de Incentivo à Cultura
Co-patrocínio: Petrobrás

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