12 março 2006

Flo Menezes, compositor e diretor do Studio PANaroma de Música Eletroacústica

Depois de ter produzido diversos CDs de música eletroacústica, o que o levou a realização deste DVD?

Um dos principais motivos foi que a atual tecnologia dos aparelhos eletrônicos possibilitou realizar, num ambiente doméstico, um aspecto muito importante de minha música, que é a sua dimensão espacial. Antes, para ter a percepção das diferentes fontes sonoras, era necessário ir a um concerto de música eletroacústica, com diversos alto-falantes espalhados pelo teatro. A tecnologia do home-theater permite algo parecido numa simples sala de TV.
Como foi trabalhar a união entre imagem e música?

Quando concebi o projeto tinha duas possibilidades. Uma era fazer um trabalho meramente documental, apenas o registro de um acontecimento, no caso, os concertos onde as minhas obras “Pulsares” e “labORAtorio” foram executadas. Este é o caso da maioria dos DVDs clássicos. A segunda, pela qual optei, foi a busca de um discurso visual que, aliado à música, desse também sua contribuição artística ao projeto. Para isto chamei as artistas Branca de Oliveira e Ana Guimarães, que garantiram com muita competência a simbiose entre a parte visual e a musical.

Como analisa a relação das instituições musicais brasileiras – tais como os teatros e as orquestras – para com a música de vanguarda?

Particularmente, penso que estas instituições são de suma importância e defendo sua existência. No entanto, é preciso reconhecer que não há sempre reciprocidade delas para com a música atual. Mas creio que isto esteja mudando, na medida em que cabeças mais abertas estão passando a dirigir estas instituições. O próprio projeto que envolve a obra “labORAtorio” não teria sido possível o maestro Jamil Maluf e a Orquestra Experimental de Repertório. Por sua iniciativa, a Orquestra Municipal de São Paulo estreará este ano, pela primeira vez na América Latina, uma obra importantíssima de Karlheinz Stockhausen. A OSESP e o maestro John Neschling, bem como a Banda Sinfônica do Estado de São Paulo e o maestro Abel Rocha, estão também incentivando a produção atual ao encomendar peças a compositores atuantes.

Como você vê o papel da vanguarda musical num contexto no qual o público majoritariamente está interessado no antigo e no já conhecido?

Hoje em dia a palavra “vanguarda” caiu em desuso. Mas é preciso deixar claro: termos como “vanguarda” e “gênio” são historicamente datados, perseguidos pelos conservadores e, num certo sentido, ultrapassados. Ambos estão indiretamente associados à estética do Romantismo, mas é preciso reconhecer que estão absolutamente vívidos e válidos, e que são mesmo imprescindíveis na evolução das artes e das ciências.

Apesar de a música de vanguarda não marcar presença na maioria dos concertos é importante ressaltar que há um público considerável interessado neste tipo de música, algo que testemunho, por exemplo, pela quantidade de gente que procura os materiais que produzo.

Além de seu “ativismo” com a música de vanguarda você é também bastante lembrado por sua considerações bastante hostis à música popular, tendo inclusive afirmado que, “afinal, é melhor fazer música popular do que sair matando gente por aí”. Qual sua visão sobre a música popular nos dias atuais?

Vejo esta questão de dois pontos de vista. Primeiramente, pelo prisma do músico, quanto menos chance ele tiver para se desenvolver tecnicamente, mais ele estará vinculado a uma expressão de tipo popular. Neste contexto, respeito aquele músico que transparece um caráter genuíno dentro dos moldes aos quais ele está, de alguma forma, atado. Por outro lado, há diversos músicos que tiveram chance de se aprimorar artisticamente, mas que se deixaram atrair pelas regras do mercado e pelas graças da indústria cultural. Estes faço questão de desprezar.

Em segundo lugar, em relação à música propriamente dita, me interessa refletir e discutir sobre a linguagem e suas técnicas expressivas, sempre dentro de uma perspectiva “transgressiva”. Não condeno a noção de progresso, mas introduzi uma outra mais atual: “trans-gresso”. Para mim é como se existissem duas músicas, a “Música” e a “música de mercado”, sendo que esta última que não tem nada a ver com a música histórica e artisticamente interessante. Particularmente, nunca concordei com a idéia de um hibridismo de erudito e popular. Você acaba não fazendo bem nem uma coisa, nem outra.

2 comentários:

Anônimo disse...

O Flo e um nojento, arrogante, por culpa de pessoas como ele que a música erudita no Brasil estáa de jeito que está. Flô, se toca, meu chapa, você não e um gênio para dar uma de gostosão daquele jeito. Você está no Brasil, não no IRCAM... quem sabe você deveria mudar pra lá e puxar o saco daquela bicha do Boulez...

Anônimo disse...

De acordo, este Flo é um arrogante pretensioso, pensa que engana um bando de miquinhos tropicais. Seus livros são uma colagem mal traduzida de trechos plagiados.