Considerações sobre a Peça para Piano II
Ontem me encontrei com a pianista Tânia Lanfer para resolvermos uns problemas burocráticos e ensaiarmos (i.e., ela toca, eu escuto) a peça que ela me encomendou para seu TCC na USP, junto com outras obras de outros jovens compositores: além deste que vos escreve, tem também Bruno Ruivaro, Gláucio Zangheri e Maurício de Bonis.
Aproveitamos que na sala onde iríamos fazer o ensaio haviam quatro especiais alunos meus de história da música moderna e fizemos um pequeno recital, que no fim das contas, acabou servindo como complementação da aula de "música textural" (termo esquisito, mas outra hora me explico melhor) dada no dia anterior. Uma partitura recheada de clusters e indeterminação rítmica talvez seja uma boa forma de visualizar até que ponto mudar seu referêncial musical da nota musical para a escuta tímbrica resulta numa música talvez incomum (se comparado ao feito mais comumente).
É sempre desafiador, interessante e edificante botar uma peça à prova, com músicos escutando-a numa situação na qual há total liberdade de expressão. Uma breve explicação de minhas (más) intenções para com a Peça para Piano II e vamos lá: dona Tânia vestindo suas luvas e em seguida golpeando sem parcimônias o teclado do piano com clusters de palma-de-mão, de antebraço, de punho.
Rolou até os merecidos aplausos, mesmo numa ocasião tão caseira e informal. Não tinha como não ser aplaudida.
E, para O Criador, ouvir o que os outros têm a dizer sobre a peça é sempre, sempre muito interessante. Não sei se gostaram ou não, mas conforme vamos vivendo o mundo da música fica mesmo cada vez mais difícil o discernimento do que verdadeiramente gostamos ou deixamos de gostar. Assim sendo, o sentimento de saber se uma pessoa gostou ou não fica também relativizado. São benéfices (ou maldição?) adquiridas conforme vamos adquirindo repertório.
Esta foi a segunda "apresentação" da peça, a primeira no maravilhoso Steinway da dona Ilma, num especialíssimo sarau em seu apartamento em que rolou até a Sequenza para violoncelo de Berio (!). Mas a prova final ainda está por vir: 11 de dezembro, no número 1313 da Av. Paulista. Até lá, outras águas rolarão em ares guanabarenses...
Um comentário:
Com certeza será um sucesso!
A combinação intérprete-compositor é perfeita. Adorei!
Parabéns Schu!
beijo da Lu.
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