06 dezembro 2005

Pérola marselhesa perdida na metrópole sufocante

Grupo vocal Musicatreize faz discreta passagem por São Paulo, onde realizou apresentações singulares.

Às vezes há tanta coisa em São Paulo, e não raro essas boas coisas são tão mal divulgadas ou mesmo eclipsadas por lixos de consumo em massa, que é preciso ficar atento, ou contar com a sorte, para não deixarmos escapar oportunidades únicas de testemunharmos pequenos milagres artísticos.

Este foi o caso das apresentações do grupo vocal especializado em música contemporânea Musicatreize. Sediados na cidade mediterrânea de Marselha, o grupo é conduzido pelos precisos gestos de Roland Hayrabedian, seu fundador e diretor artístico.

Em suas apresentações na rede paulistana do Sesc - tristemente vazias devido à ausência de uma divulgação adequada - o grupo nos presenteou com um repertório impossível de ser realizado por qualquer grupo vocal brasileiro da atualidade. Ok, teve alguns "bombonzinhos", como as "Três canções" de Maurice Ravel, as "Três canções sobre Charles d'Órleans" de Claude Debussy e as "Sete Canções" de Francis Poulenc.

Por outro lado, obras arrojadas e dificílimas como as "Três Fantasias" de György Ligeti, "Oroïpen" de Felix Ibarrondo e a cativante "Quatrains" de Edith Canat de Chizy foram oportunidades únicas de ouvirmos aquilo o que há de mais belo e ágil que a moderna produção composicional pode extrair da formação coral a capella.

O concerto encerrou todos seus concertos com a obra "Swan Song" de Maurice Ohana, compositor francês de quem o grupo já gravou dois CDs inteiramente dedicados a obras suas.

Para quem teve a sorte de "achar" as apresentações do Musicatreize ficou a evidente a necessidade de um retorno do grupo em terra brasileiras, só que desta vez com toda divulgação, pompa e circunstância à altura desta pérola musical marselhesa.

Um comentário:

Anônimo disse...

muito bacana as matérias. beijos, pedrita