Começou a circular neste mês de maio a décima edição do Anuário VivaMúsica!. Para quem ainda não o conhece, trata-se de uma publicação única no Brasil, que compila importantes informações para quem trabalha com música clássica. Como bem define seu slogan, a publicação é "o guia de negócios da música clássica do Brasil", característica que acabou por definir a circulação dirigida do anuário (no entanto, o grande público pode adquiri-lo neste link).
Publicado pela VivaMúsica! Edições (a mesma que edita o roteiro de concertos da Cidade Maravilhosa), o sucesso e a credibilidade do anuário são produtos do empenho de Heloisa Fischer , Luiz Alfredo Moraes e equipe, que há anos têm a questão da sustentabilidade da música clássica brasileira como meta profissional. A partir deste ano eles passam a contar com uma ajuda extra, com a criação do Instituto VivaMúsica!.
Mas paralelamente às informações do guia, a edição aproveita seus dez anos para fazer uma retrospectiva desta última década, tão especial para a história da música clássica brasileira. Para isto, dez músicos e dez críticos/jornalistas foram convidados a darem seu depoimento.
Aos artistas, é claro, foi concedido o merecido espaço para contarem o que ocorreu em suas carreiras neste período e como eles vêm as mudanças pelas quais a cena clássica brasileira passou desde então. Constam o depoimento de Alex Klein, Antonio Meneses, Edino Krieger, Fernando Portari, Isaac Karabtchevsky, John Neschling, Leandro Carvalho, Luiz Fernando Malheiro, Nelson Freire e Roberto Minczuk (as entrevistas que deram origem aos textos impressos podem ser lidas na íntegra a partir deste link).
Já aos críticos/jornalistas foi perguntando qual foi o fato mais relevante da década e quais as três inciativas mais relevantes (o guia, por sua vez, elegeu um total de dez iniciativas).
Como fato, não deu outra: foi Osesp na cabeça! Tamanha unanimidade fez com que o anuário realizasse uma entrevista com Henry Fogel (atual presidente da Liga das Orquestras Americanas) para comentar o "fenômeno Osesp". Mas outro fato foi lembrado pela grande maioria dos homens de imprensa: o Festival Amazonas de Ópera.
Abaixo, publico na íntegra o depoimento que prestei ao anuário sobre o fato e as três iniciativas da década. Leia, pense, reflita e dê também a sua opinião, postando um comentário sobre este artigo. E viva a música!
Fato mais relevante da década no cenário clássico brasileiro.
Nos últimos anos o Brasil tem vivenciado uma série de transformações em seu cotidiano musical, que se tornou mais intenso, atrativo e com um grau de qualidade técnica provavelmente sem precedentes em nossa história. Estas transformações ocorreram em grande parte pelas mudanças que as orquestras sinfônicas do país têm passado nos últimos tempos (em especial, a OSESP, OSB e OPPM). Epicentros da vida musical de uma cidade, a melhoria de nossas orquestras mostra-se fator decisivo para a melhoria da música brasileira como um todo, à qual soma-se a crescente profissionalização dos serviços de produção musical, à parte o descaso que a música ainda sofre em diversas esferas do poder público.
Três iniciativas relevantes.
1. Osesp e a Sala São Paulo: em nossa história, poucas vezes observou-se o poder público tão empenhado em realizar um projeto musical desta envergadura.
2. Festival Amazonas de Ópera: se ópera na floresta era entendido como um delírio fitzcarraldiano, o FAO mostrou ao mundo que cultura não pode ser encarada enquanto segmentação de classes sociais. Junto com sua floresta, o evento faz da Amazônia um lugar ainda interessante (e obrigatório) de se conhecer.
3. Festival Música Nova: apesar de ativo há décadas, é importante ressaltar a persistência e o estoicismo de seus organizadores. Fazer nova música é essencial para a manutenção de nossa cultura, e o Brasil ainda está por calcular a dívida que tem para com este evento, que ainda carece do apoio institucional devido.
Um comentário:
parabéns pelas entrevistas com o felipe hirsch e a rosana lamosa.
eu escolheria como as 3 iniciativas relevantes: a Osesp; o Festival Amazonas de Ópera; e o Festival de Campos de Jordão.
Torço para que Minczuk e a Cidade da Música seja algo que possa ser mencionado como uma iniciativa relevante para os próximos anos.
vou comentar essas escolhas no meu blog nota na pauta e dar o link do seu texto.
abs
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