Antes de sua partida para Europa, orquestra faz concertos na Sala São Paulo.
Nas vésperas de embarcar para sua turnê européia, a Osesp celebrou o início de mais uma temporada – a décima sob a égide de “Nova Osesp” – com algumas apresentações extra-assinatura no palco de sua casa, a Sala São Paulo, que teve sua lotação esgotada em todas as récitas, oferecendo aos seus freqüentadores uma nova e completíssima loja de livros, CDs e partituras em suas dependências.
Ao longo das duas últimas semanas de fevereiro a orquestra, sempe conduzida por John Nechling [leia a entrevista abaixo], realizou o que se considerar um aquecimento para as apresentações que o grupo fará no Velho Mundo. Tendo isto em vista, podemos encarar como uma corajosa ousadia o repertório programado para esta turnê, por conta presença maciça de obras do grande repertório sinfônico mundial. Trata-se de um repertório que o público clássico já está acostumado a ouvir com as excelentes orquestras européias, e que contará com a presença apenas esporádica de obras impregnadas de ares brasileiros – e talvez por isto menos passíveis de uma análise crítica ao público europeu – tais como “Bachianas Brasileiras No. 4”, de Heitor Villa-Lobos, e a “Abertura Concertante”, de Camargo Guarnieri.
No primeiro concerto do ano, os habitués da Osesp – bem como certas figurões do universo clássico mundial, que vieram conferir in loco o que a orquestra faz em casa – puderam conferir um dos programas que a orquestra apresentará em sua turnê.
Iniciado com a bela “Semsemayá”, do compositor mexicano Silvestre Revueltas, a apresentação ganhou força mesmo com a segunda peça, o “Concerto para Piano e Orquestra No. 2”, do compositor húngaro Béla Bartók. Peça de incríveis complexidades rítmicas (que não tardou a infernizar os instrumentos de sopros e seu regente no primeiro movimento), trata-se de um tour de force singular para o pianista, que paralelamente ao virtuosismo técnico deve lidar com a musicalidade singular de Bartók. E este foi um desafio muito bem cumprido pelo excelente pianista húngaro Dezsö Ránki (na foto ao lado, que durante a turnê alternará com Nelson Freire o posto de solista). Como não se emocionar com o perfume tímbrico emanado do mágico segundo movimento deste concerto?
Com a “Bachianas No. 4”, de Villa-Lobos, a Osesp está mais do que nunca em seu território, porém é com a famosíssima “Pini di Roma”, de Ottorino Respighi, encerrou de forma vibrante sua primeira apresentação pública de 2007. A peça Respighi, compositor italiano cuja obra sinfônica a Osesp irá gravar pelo selo sueco BIS (com quem já realizou diversas gravações de compositores brasileiros), é de deliciosa escuta, e foi bem excecutada pelo grupo, apesar de todas as tensões que uma ocasião como esta necessariamente encerra. Seu final festivo – com trompetes dispostos atrás do público – foi belo e empolgante, deixando desde já sua audiência ansiosa para o retorno do grupo a sua terra natal.
[Este texto, bem como a entrevista com John Neschling, faz parte de um especial do caderno Fim de Semana, da Gazeta Mercantil, sobre os 10 anos da "Nova Osesp", que contou ainda uma matéria assinada por Isabel Braga, Karin Hueck e Vivian Masutti, a propósito do livro-reportagem que escreveram sobre a Osesp (já comentado aqui no OutraMúsica). Publicado originalmente na Gazeta Mercantil. Versão sem cortes, sem edição, sem revisão!!!]
3 comentários:
eu gostei bastante do concerto com o Dezsö Ránki. eu falei de literatura no meu blog. acabei de ler o castelo de kafka. beijos, pedrita
Pô, Schu, tava para te dar um oi desde que voltei e aí, meio que sem querer, caí neste blog aqui. Parabéns mesmo pela iniciativa. Vou colocar nos meus favoritos! Grande abraço, Valverdes.
P.S.: Tô te mandando um email de um outro assunto, sem muita importância.
Boa sorte aos músicos!
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