Escalada para a abertura da temporada 2006 do Mozarteum Brasileiro, a Orquestra Sinfônica da WDR (sigla para “rádio do noroeste alemão”), que se apresentou no país ao longo desta semana, encerra hoje no Rio de Janeiro sua turnê brasileira.
Fundada em 1947 na cidade de Colônia, desde 1997 a orquestra é dirigida pelo maestro russo Semyon Bychkov. Na última terça, quando a orquestra se despedia do público paulistano, foi apresentado um repertório predominantemente russo, excetuando-se a abertura do “Carnaval Op. 92” do compositor boêmio Antonín Dvorák.
Talvez por conta da pouca familiaridade que orquestra tem com a Sala São Paulo, no início do concerto – tanto a peça de Dvorák como o Hino Nacional Brasileiro – estavam com a percussão excessivamente proeminente, encobrindo com um véu ruidoso as nuances que ocorriam no restante do grupo.
No entanto, o equilíbrio estabeleceu-se quando a jovem violinista japonesa Sayaka Shoji subiu ao palco para enfrentar o difícil “Concerto Op. 82” do russo Alexander Glazunov. Difícil não apenas por todos os desafios que uma peça deste gênero reserva ao solista, mas também por se tratar de uma peça cheia de peculiaridades e pouca conhecida do grande público. Shoji, empunhando seu maravilhoso Stradivarius “Joachim”, fez música como dificilmente se ouve com concertistas, ao mesmo tempo centrada em sua individualidade, porém sem jamais se desvencilhar do todo sinfônico, com ouvidos e olhos bem atentos a Bychkov. Sutilezas de uma menina aliadas à intuição musical cujo tempo só tende a melhorar aquilo que já é extraordinário.
Mas tão extraordinária foi a orquestra e seu regente nas “Danças Sinfônicas Op. 45”, do também russo Serguei Rachmaninov, cuja escritura orquestral sempre surpreende por sua técnica e elegância, à parte de toda a fama como compositor “de piano”. Das nuances nas madeiras, nos incrivelmente precisos pizzicati ao vigor dos metais e da percussão tudo nesta peça foi beleza e poesia musical que apenas um grupo orquestral de excelência e experiente pode proporcionar.
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