- Paris (Le Monde): Em ata de sua grande reunião anual, a Societé Francaise de Musicologie (SFM) aprovou, por unanimidade, a destituição do título de "músico francês" do compositor Maurice Ravel. Apesar de nascido na pequena Ciboure, sul da França, a SFM alega que, no conjunto de sua obra, o compositor foi tão ao sul que ele deveria ser considerado um compositor espanhol, dada a insistência com a qual ele recorreu a temáticas ibéricas ao longo de sua obra, tais como a Rhapsodie espagnole, L'heure espagnole, Alborada del gracioso e, ofensa suprema, seu célebre Bolero, onde a coisa descambou de vez para o latinoamericanismo. Ainda que o compositor estivesse vivo, não cabe mais recurso à decisão da SFM. Para as comemorações do ano da França no Brasil toda a obra do compositor já foi proscrita dos eventos oficiais.
- Nova York (The New York Times): Pesquisas realizadas junto ao arquivo do compositor John Cage põem em xeque a originalidade de uma de suas obras mais célebres, isto é, a virtuosística 4'33", para piano solo. No arquivo do compositor foi encontrado o que aparentemente se trata da única cópia remanescente da obra 3'22" (também para piano solo) do obscuro compositor mexicano Juan Gayolla, datada de pelo menos dez anos antes da obra de Cage. Nos diários pessoais do compositor norteamericano consta que ele teria ganhado a partitura do próprio Gayolla, instantes antes dele morrer intoxicação grave causada por ingestão de cogumelos venenosos que Cage inadvertidamente servira em um jantar para amigos. Apesar da diferença de duração entre as obras, uma equipe integrada por musicólogos da Universidade de Columbia concluíram que, de fato, 4'33" é um plágio.
- Berlim (Berliner Morgenpost): O conceituado diário alemão traz a notícia de um bizarro incidente ocorrido nos bastidores de uma montagem da ópera A Valquíria, de Richard Wagner, numa produção da Staatsoper Unter den Linden. Relata o jornal que logo na primeira récita a soprano Marie Übermädchen (a cargo de uma das valquírias) perdeu-se em meio à complexa maquinaria cênica elaborada pelo cenógrafo Fliegt Holländer. A falta da soprano foi acusada apenas quando em um momento estratégico da obra esperava-se um "Io-oh-ho!!!" que não veio. Apesar do desfalque, várias outras sopranos se prontificaram, felizes, em assumir o papel da colega que, até o momento, ainda não foi recuperada das entranhas do cenário.
- Buenos Aires (El Clarín): A comunidade operística portenha se uniu para protestar contra as filmagens do filme Carmen és mi nick name - uma versão cibernético-pornô da ópera Carmen, de Bizet - que tem o interior Teatro Colón como um de seus principais cenários. Além de considerarem uma ofensa à célebre obra do compositor francês (cujo nome também está na lista negra da SFM, justamente pelo apelo andaluz desta ópera) alega-se também questões relacionadas à higiene, pois como alega Chichito Gardel - porta-voz dos protestantes (isto é, os que protestam na argentina, não os cristãos em geral) - "aunque que por vezes se hace indecencias nel palco, para todo hay limite".
- Pequim (該劇在比才): O pianista chinês 聲電, nascido na pequena província de 個月內, passou por uma situação no mínimo inusitada, se não tivesse conseqüências trágicas. Durante uma apresentação na capital da República Popular dedicado a obras de compositores locais (tais como 女高音, 次女高, 音 或 e 者 女中音) 聲電 viu seu piano se autodestruir aos poucos. Após perder o dó central, o piano foi perdendo todas as notas a partir do ciclo das 5as justas (sol, ré, lá, mi, si, etc.) até o total colapso do instrumento, obrigando 聲電 a dar por encerrado o recital. Representantes da empresa do piano utilizado por 聲電, a 卡洛和 & Sons, alega que o instrumento havia passado pelos mais rígidos testes de qualidade previstos no Grande Livro Vermelho, e que o ocorrido só pode se explicado como um ato subversivo de 聲電, que poucas horas depois do incidente, foi julgado, executado sem dó (e sol, ré, lá, mi, si, etc...) e seu corpo reciclado na usina de beneficiamento de 維爾的, principal fornecedora de matéria prima da 卡洛和 & Sons, numa justeza poética de espantar até mesmo Lavoisier, ou 安托万-洛朗·德·拉瓦锡, para os compatriotas do (a)finado pianista.
- São Paulo (OutraMúsica): o famigerado aperiódico de música informa que está em processo de conclusão um novo perfil de exames de proficiência para a inscrição na Ordem dos Músicos do Brasil (OMB). A instituição alega que, dada às características do mercado musical hodierno, os novos testes foram elaborados de forma a contemplar o perfil do moderno músico brasuca. Abaixo, os pontos de avaliação de algumas categorias.
Cantores de ópera: proficiência em escândalos, proficiência em paciência enquanto coralista ou papéis secundários, proficiência em afinação relativa, proficiência em desvencilhamento de acompanhamento orquestral e, teste final, medição de precisão rítmica e de afinação em uma máquina de karaokê;Feliz primeiro de abril!
Maestros: proficiência em esporro, proficiência em puxada de tapete, proficiência em alguma habilidade manual (tricô, tai-chi-chuan ou mágica), proficiência em corda bamba (literal e metafórica);
Instrumentistas: proficiência em nó de gravata borboleta, proficiência de sincronia entre a entrada da noiva e execução musical e proficiência em escuta do tipo "entrou por um ouvido, saiu pelo outro" (para ensaios orquestrais, camerísticos ou aulas de teoria);
Compositores: proficiência em epistemologia da criação sonora, proficiência em ontologia do objeto sonoro e proficiência em hermenêutica da dialética espectral;
Percussionistas: redirecionar candidato para exame psicotécnico no Detran.
[Para ver o post do ano passado, clique aqui!]
7 comentários:
Hahahahahahahaha.... Genial!
Adorei!
huhauahuhauhA..EXCELENTE!!!
Leonardo,
Sou Pedro, estudo no "Conservatório Estadual de Música Lobo de Mesquita", estou na quarta série de piano e tenho catorze anos.
Todos os anos eu participo do Concuso de música da minha cidade(Diamantina)o concurso é promovido pelo concervatório, e é um concurso de piano e música de câmara, onde particípam também outros concervatórios de Minas Gerais.
Gostaria de saber onde encontro a música "Serenata do príncipe encantado", (1922. Historietas Maravilhosas, Op. 12)de Oscar Lorenzo Fernandes.Você conhece?Já tenho a partitura, mas não encontrei a música para ouvir. Só a encontrei no cd " Coletânea Piano Brasileiro" de Miguel Proença, mas não estou pensamdo em compra-lo(estou sem dinheiro).
Outra coisa que quero te perguntar é, qual música devo tocar no concurso? "Serenata do Príncipe Encantado" de O. Lorenzo Fernandes, ou, "Vamos Maninha" de H. Villa Lobos?
Por favor, responda, estou desesperado para achar essa música.
Meu imail é tigerfpa@hotmail.com
ou, tigerfpa@yahoo.com.br
(dê preferência para a conta do hotmail, pois nunca acesso o yahoo).
Obrigado,
agurdo resposta.
Schu, como eu posso prestar a prova para categoria compositor, tenho que alertar que tem um "i" sobrando em epstemologia (ep"i"stemologia), ou eu não entendi a piada....KAKAKAK! Ta vendo, já passei!
ABraço
Ô seu biruta. Vai no dicionário que ainda não tiraram o "i" de epistemologia! rs
E nem poderia, pois no contrário, com apenas um "i", como poderia a espistemologia colocar "os pingos nos is" só com um "i", no singular? Hein? Hein?
Olá Leonardo, sou assessora de imprensa da Cooperativa de Música do Estado de SP e gostaria de contribuir com o seu blog com uma notícia: de 16 a 20 de dezembro acontece, na Funarte/SP, o 3º Festival Espaço Cooperativa. Haverá, além de muitos shows, mesas de discussão com as principais questões dos profissionais da música. Mais infos: www.cooperativademusica.com.br
Obrigada!
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