12 abril 2007

Entrevista: Roberto Minczuk

Ainda muito jovem você realizou seus estudos em uma das mais conceituadas escolas de música do mundo, a Julliard, em Nova Iorque. Como avalia esta experiência?

Foi fantástico. Quando eu estudava na Escola Municipal de Música de São Paulo eu me lembro que eu e meu irmão Arcádio éramos os únicos com ouvido absoluto. Na Julliard pelo menos metade da classe tinha ouvido absoluto. E eu tive como colegas grandes nomes da música atual. Lá você acaba sofrendo um choque de alto impacto musical que não há como não ser absorvido.

Como tem sido seu trabalho frente à OSB?

A experiência tem sido fantástica que vivo desde 2005. É um grande desafio, mas é um desafio maior é de sempre fazer música bem feita, de fazer jus a este repertório maravilhoso. Evidentemente que precisa ser criada condições para tornar isto viável, dar uma infraestrutura para que a orquestra funcione bem, pois orquestra é sinônimo de qualidade.

É pública a admiração que o maestro Kurt Masur tem por você. Como é o trato com este que é um dos grandes gigantes da regência mundial?

Ele é um mentor, uma pessoa que admiro e com quem aprendi muito. Todo artista tem uma pessoa que dá parâmetros e modelos. Tive vários mentores, é evidente. Mas o Masur, antes de mais nada, é uma pessoa maravilhosa. Uma pessoa que com todo seu conhecimento e fama é muito acessível e humana. Aprendi com ele que a música vem em primeiro lugar, que o importante é compositor, a obra. É uma coisa sobrenatural, religiosa mesmo! E cada momento que passo com ele estou sempre aprendendo.

Atualmente você dirige a OSB, a Filarmônica de Calgary e coordena o Festival de Campos do Jordão, além de realizar muitos concertos como regente convidado. Como consegue lidar com tantas coisas diferentes?

Não é fácil, tem que fazer malabarismo, viajar bastante e se privar de muita coisa (a que mais faz falta é a minha família). Mas por outro lado é bom, pois na verdade é um sonho que se realiza. É uma rotina que um maestro internacional tem e trata-se de uma opção de carreira que fiz e que tenho o privilégio de ter. Mas ao mesmo tempo que cansa é também um combustível. O pessoal pergunta no final do concerto se estou cansado e digo quenão, digo que faria de novo. Poderia ter duas seções seguidas que regeria com a mesma energia.

[Publicado originalmente na Gazeta Mercantil. Versão sem cortes, sem edição, sem revisão!!!]

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