13 abril 2007

Minczuk na idade do lobo

Regente brasileiro de maior destaque no exterior, Minczuk celebra seus 40 anos em intensa atividade mundo afora.

No final deste mês, mais exatamente no dia 23, o maestro Roberto Minczuk completará quarenta anos de uma vida que ainda tem muito o que oferecer à música e aos seus admiradores. Tido pela crítica especializada e pelo público brasileiro como o melhor regente brasileiro desde o mítico Eleazar de Carvalho (1912-1996) – com quem, aliás, teve suas primeiras aulas de regência – Minczuk parece mesmo seguir os passos traçados pelos grandes regentes da cena mundial. Desde os tempos de menino prodígio até a apresentação à frente dos principais grupos orquestrais do planeta, a trajetória musical de Minczuk é exemplar e inspiração para as novas gerações por ora incubadas nas escolas e conservatórios brasileiros.

Natural da capital paulista, Roberto nasceu numa família de músicos. Seu pai integrou o corpo musical da Polícia Militar de São Paulo, e seus irmãos também se profissionalizaram enquanto músicos clássicos. Porém, o cerne desta devoção musical encontra-se, num primeiro instante, na devoção religiosa: nascido em meio à comunidade russa e eslava do bairro paulistano da Vila Prudente, Minczuk começou sua educação musical nos cultos da Assembléia de Deus Russa, onde tocava trompa.

Aliás, foi com este instrumento a tira colo que Minczuk deu os primeiros passos que o levaria a uma carreira internacional admirável. Ainda adolescente foi agraciado com uma bolsa de estudos da Julliard School, em Nova Iorque (ainda hoje um dos principais centros de excelência musical do mundo). Lá o jovem músico entrou em contato com as principais personalidades da cena clássica internacional, e foi lá onde conheceu um personagem fundamental em sua trajetória: o maestro alemão Kurt Masur.

Foi por intermédio dele que Minczuk, com apenas 20 anos, foi tocar na mítica orquestra do Gewandhaus de Leipzig, na Alemanha (na ocasião, Minczuk era o único estrangeiro do grupo). Foi a partir de seu contato com Masur que ele percorreu os passos da sua profissionalização enquanto regente.

Porém, foi em Brasília, frente à orquesta da UnB, que Minczuk ergueu profissionalmente sua batuta pelas primeiras vezes. Pouco tempo depois ele retornaria ao seu Estado natal, onde dirigiu a Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto, tempos de intensa atividade musical nesta cidade. Em 1997 Minczuk assumiu o cargo de diretor artístico adjunto e regente associado da Osesp, e ao lado de John Neschling, seria um dos pilares de sustentação do projeto “Nova Osesp”.

Quase ao mesmo tempo Minczuk foi aprovado no concurso para regente assistente da Orquestra Filarmônica de Nova Iorque, no qual os próprios músicos da orquestra votaram por sua escolha. Foi neste grupo que realizou sua estréia internacional e o início de uma nova etapa de sua carreira, que no momento se alterna entre as orquestras que dirige (a de Calgary, no Canadá, e a Orquestra Sinfônica Brasileira – a OSB – no Rio) e as quais se apresenta como convidado (a mais recente, a Orquestra Nacional da França, cujo concerto está resenhado neste especial).

Soma-se a tamanha atividade a direção do Festival de Inverno de Campos do Jordão, o principal evento do gênero no país, que sob sua coordenação reencontrou de forma plena sua principal vocação, isto é, a formação de músicos de excelência.

Casado e com quatro filhos que já trilham os primeiros passos nas veredas musicais, Minczuk faz questão de mostrar que ainda há muito o que pode e o que quer fazer. Afinal, a vida apenas começa aos quarenta.

Serviço MINCZUK NO BRASIL São Paulo: Concerto com a OSB e o pianista Arnaldo Cohen em 18 de abril, 21h, no Teatro Alfa. Rio de Janeiro: Concerto com a OSB e o violonista Yamandú Costa em 28 de abril, 21h, no Theatro Muncipal do Rio de Janeiro.

Leia a entrevista que o maestro Roberto Minczuk concedeu e a crítica do concerto de sua estréia parisiense, realizada por Tatiana Catanzaro.

[Publicado originalmente na Gazeta Mercantil. Versão sem cortes, sem edição, sem revisão!!!]

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