01 abril 2008

Notícias musicais de um 1o. de abril

Deu hoje nas principais agências de notícias do mundo:

- Berlim (Agência Reuters): A orquestra filarmônica local anuncia que, como parte das medidas de contenção de custos irá, reduzir seu número de violinistas, violistas, violoncelistas e contrabaixistas. Para que não haja perda de volume, os músicos restantes terão seus instrumentos amplificados ou mesmo substituídos por outros de outros naipes, caso em um dado momento da peça eles não estejam em serviço. Músicos e professores de orquestração irão recorrer na justiça.

- Paris (Le Monde): Atendendo a um pedido pessoal do presidente Nicolas Sarkozy, a justiça francesa entrou com um processo contra um restaurante que utilizava o hino francês, a Marseillaise, como música de fundo para seus clientes. Alegando questões comerciais, o dono do estabelecimento, Jean-Jacques du Je Ne Sais Quois, diz que não irá substituir a música, tendo em vista que a horda de turistas japoneses só se convencem que estão apreciando um típico Ratatouille (o prato, não o filme) quando ao som da "alegle (sic) canção flancesa (sic), né?", corrobora um satisfeito cliente.

- Madrid (El País): Depois de meses de investigação, a polícia espanhola finalmente prendeu José Guardanapos, há seis meses investigado como o autor de inúmeros roubos envolvendo partes de instrumentos musicais. Em sua casa a polícia encontrou sete bocais de trompetes, três palhetas de oboé, oito cordas de violinos e uma campana de tuba (que no momento do flagrante era utilizada como parte de uma rústica bacia de escalda-pés). Apesar de inofensivo, os crimes de Guardanapos ocasionaram em prejuízos incalculáveis (extamente 600 mil Euros) para a cultura musical local. O caso mais grave ocorreu com o oboísta franco-andaluz Ramón Dieu, que teve sua palheta usurpada por Guardanapos instantes antes de solar um concerto de Mozart. Em sua defesa, Guardanapos alega que tudo o que fez "foi pela música e amor à arte". Num exame psiquiátrico preliminar não foi constatada qualquer anomalia em Guardanapos.

- Bayreuth (Süddeutsche Zeitung): Pesquisa recentes no arquivo pessoal do compositor Richard Wagner resgataram um diário secreto no qual ele relata o seu encontro, em Veneza, com o compositor italiano Giuseppe Verdi. Segue a transcrição de um trecho: "Ao cabo de diversas horas de um papo interminável (que moral tenho eu para falar disto?) confidenciei a Giu-giu [tratamento carinhoso que Wagner dava a Verdi] 'Meine amici, no fundo, no fundo eu queria mesmo é ter nascido na Itália', ao que ele, de pronto, respondeu 'Santo Deus, eu então teria ido plantar café em Araraquara'. Não entendi muito bem o que ele quis dizer, pois não faço idéia do que é este [sic] Araraquara". Estudiosos acreditam tratar-se de um texto apócrifo, provavelmente uma vingança de Hans von Büllow, que além de pianista (que eventualmente se dedicava ao corno di basseto) era um talentoso calígrafo.

- New York (New York Times): Está encontrando muita resistência na comunidade operística local a estréia da mezzo-soprano colombiana Shakira Isabel Mebarak Ripoll no tradicional Metropolitan Opera House, em sua nova montagem de "Carmen", sob a direção de Gerald Thomas. Celebrada no universo "pop", ou "popular", com árias como "Pies Descalzos" e "Whenever, Wherever", a mezzo tem encontrado resistência no high-society musical novaiorquino, que alega que a mezzo não tem o preparo para este tipo de repertório. Em sua defesa, a mezzo afirma que tem pleno domínio de cena e técnico, e que já fez muito duetos, tais como com a soprano norte-americana Beyoncé Knowles e o tenor espanhol Alejandro Sánchez Pizarro. Os patronos do Met prometem mover mundos e fundos (inclusive os falsos) para impedir que a colombiana encarne a famosa cigana de Bizet, que ainda não se manifestou sobre a polêmica. "Genial! Genial!", são os comentários do diretor Gerald Thomas a respeito da polêmica.

- Araraquara (OutraMúsica): Foi encontrado nos antigos registros de hóspedes da Hospedaria do Onça (demolida em 1930) a assinatura do compositor alemão Richard Wagner. O documento, hoje pertencente ao arquivo municipal da pequena cidade paulista, data de finais do século XIX, e exames preliminares confirmam a autenticidade da assinatura. Músicos, pesquisadores e musicólogos agora concentram seus estudos no motivo que teriam levado o famoso compositor à pequena cidade (à época ainda mais menor de pequena ainda). Há fortes indícios de que, seja lá qual tenha sido o motivo, ele não estava relacionado à música.

Um comentário:

Ticiano Biancolino disse...

Mas professor M., que maravilhas de notícias de 1o. de abril. E, diria, que mente mais maravilhosamente fértil! Parabéns! O que mais me impressiona é que sempre tive a impressão de que Wagner, no fundo, só queria mesmo ser italiano, escrever música italiana, comer spaghetti e mandar os Leitmotive pro inferno. Agora está explicado. Abraço!