Nunca é tarde para se fazer justiça: agora no site da Revista Concerto minha resenha da ópera "O rouxinol", de Igor Stravinsky, realizada no Teatro Municipal São Paulo com a Orquestra Experimental de Repertório regida por Jamil Maluf.
"O ano do TMSP termina com o canto do rouxinol, e espera-se que este belo canto seja um bom agouro para a nova fase que a instituição necessariamente iniciará a partir do ano que vem, quando teremos o início de um novo ciclo político ocasionado pela troca de poder na prefeitura paulistana. Boa sorte a todos nós!" Leia em http://www.concerto.com.br/textos.asp?id=315
13 dezembro 2012
30 outubro 2012
Orfeu nas alturas
Algo de muito especial está ocorrendo na Praça das Artes em Sampa: uma exuberante montagem de "Orfeu e Eurídice", de Gluck, em produção do Teatro Municipal São Paulo com a direção cênica de Antonio Araújo e direção musical de Nicolau de Figueiredo. Minhas impressões sobre o espetáculo na resenha exclusiva para o site da Revista Concerto: http://www.concerto.com.br/textos.asp?id=305
24 setembro 2012
As delícias de uma ópera atropelada
Todo mundo conhece o Barbeiro de Sevilha de Rossini. Mas antes, Giovanni Paisiello já havia composto uma ópera sobre Fígaro, muito bonita por sinal, e que séculos depois finalmente estreou no Brasil: http://www.concerto.com.br/textos.asp?id=296
22 agosto 2012
A música e seu “Cristo de Borja”
Quando o pastiche fica mais conhecido e aclamado que a obra de arte original é porque há alguma coisa de errado no ar. A aposentada espanhola Cecilia Giménez tornou o Ecce home do desconhecido Elías García Martínez mundialmente famoso. Na música clássica, Remo Giazotto é o responsável por um dos maiores hits das salas de concertos. Sabe qual é? Leia no Site CONCERTO: http://www.concerto.com.br/textos.asp?id=293
02 agosto 2012
Hamelin e o pianista de invenção

"Hamelin deixou claro à audiência que é, acima de tudo, um músico criativo, afortunado por uma técnica espantosa e eficientíssima que faz questão de colocá-la em seu devido lugar, isto é, no segundo plano, por meio de um gestual econômico e uma atitude serena no palco. Hamelin, este pianista de invenção, tem a proeza de colocar a escuta musical no proscênio auditivo, proporcionando-nos um encantamento com a matéria musical em si".
Leia mais no Site Concerto: http://www.concerto.com.br/textos.asp?id=287
06 julho 2012
O apocalipse segundo Chapela
Resenha sobre a estreia de Magnetar: Concerto para Violoncelo Elétrico e Orquestra, do compositor mexicano Enrico Chapela, parte da atual política de encomendas da Osesp
"O que se ouviu foi um ingênuo e tedioso pastiche. Em seu Magnetar Chapela contenta-se em travestir o violoncelo como uma guitarra elétrica de uma banda de heavy metal. Ao invés de explorar todo o novo mundo de sonoridades que o violoncelo elétrico potencialmente possibilita, ele apenas revisita manjados efeitos que qualquer aprendiz de rockeiro já domina. Distorções, pedal wawa, reverbs e tentativas riffs foram apresentados como se fossem um verdadeiro Eldorado musical". Leia na íntegra em: http://www.concerto.com.br/textos.asp?id=283
"O que se ouviu foi um ingênuo e tedioso pastiche. Em seu Magnetar Chapela contenta-se em travestir o violoncelo como uma guitarra elétrica de uma banda de heavy metal. Ao invés de explorar todo o novo mundo de sonoridades que o violoncelo elétrico potencialmente possibilita, ele apenas revisita manjados efeitos que qualquer aprendiz de rockeiro já domina. Distorções, pedal wawa, reverbs e tentativas riffs foram apresentados como se fossem um verdadeiro Eldorado musical". Leia na íntegra em: http://www.concerto.com.br/textos.asp?id=283
03 julho 2012
A catarse de Cassandra
Depois de uma longa estiagem, o Ensemble InterContemporain promove concertos de música contemporânea em alto nível no Brasil. Neste link, a resenha da primeira apresentação em São Paulo, com destaque para a Cassandre, "ópera falada" de Michel Jarrel, que contou com a participação da atriz Marthe Keller (foto). Leia só: http://www.concerto.com.br/textos.asp?id=282
29 maio 2012
Aforismos decorrentes (e inconseqüentes) sobre o falsificador
Para o leitor regular da revista ou do site Concerto não é novidade todo o barulho que se seguiu à publicação de meu artigo “O falsificador”, a propósito da vinda de André Rieu ao Brasil e o grande sucesso de vendas de seus espetáculos. Especialmente a partir da publicação do artigo no perfil Facebook da Revista Concerto iniciou-se uma grande discussão, com os mais diferentes pontos de vistas e argumentação.
Quando a argumentação faltava ao pró-Rieu, apelou-se mesmo para ignorância. Em meio a tantos comentários virulentos sobre minha pessoa, cheguei mesmo a pensar que estariam importando do Haiti alguns bonecos de vudu meus para serem vendidos na porta do Ginásio do Ibirapuera.
Como cheguei a comentar com um amigo, quando se está no meio de uma polêmica o melhor é manter-se quieto no canto, e tomar os afagos e as porradas que lhe são devidas. Fiquei em dúvida se valeria a pena escrever mais sobre o assunto. Não quero re-articular meus argumentos sobre o pop-star da música clássica: o que tinha a dizer sobre ele e sua proposta está no artigo. Mas a torrente que se seguiu trouxe coisas novas não sobre ele, mas sobre como a questão da música clássica, da crítica e do gosto está sendo debatida no país.
São tantas coisas que articulá-las num texto coeso seria um trabalho penoso para escrever e enfadonho para o leitor. Então, apostarei abaixo na linguagem direta e sintética dos aforismos, inconseqüentes, quase aleatórios, que me passaram pela cabeça a partir de toda esta confusão.
- A importação dos espetáculos do André Rieu faz pensar se já não é hora de retomarmos a reserva de mercado.
- Na prévia do show realizada no programa do Faustão nenhum fã de Rieu se sentiu minimamente ofendido em seu senso patriótico ao ouvir a “Aquarela do Brasil” em versão fiesta mexicana? Ah, não perceberam? Hum, isto explica muita coisa...
- A mistura André Rieu com Michel Teló serviu para provar uma coisa: o que é ruim pode sim ficar muito pior. Os cientistas sociais e musicólogos só não decidiram ainda o que piorou com quem.
- Rieu vem ao Brasil com sua orquestra de “top solistas”. E aqueles violinos desencontrados ficam como?
- O brasileiro, o famoso “homem cordial”, como um dia já definiu Buarque de Hollanda (não o Francisco, nem a ministra, mas sim o pai Serjão), simplesmente perde as estribeiras quando é convidado a estabelecer um mínimo de postura crítica com algo que adora e cultua: entre acusações de frustrado e invejoso rolaram vários pedidos e sugestões para a minha demissão. Ah, esta nossa jovem democracia e nosso imaturo senso de liberdade...
- Não discordo que, como ser humano, tenha inveja. Aliás, já que é para exorcizar, tenho inveja sim! Tenho inveja do Luciano Berio, do Gustav Mahler, de Igor Stravinsky, do Claudio Monteverdi e de um monte de outros compositores. Agora, inveja do André Rieu? Aff...
- Vou dar mais munição para os fãs do Rieu: o Faustão, ex-gordo, fala que o André Rieu é o maior violinista do planeta e todo mundo acredita; eu, que sou gordo e falo que ele é um picareta, ninguém dá a mínima. Posso processar os fãs do Rieu por bulling então?
- Corolário desta situação: na balança das opiniões vence não que tem mais peso, mas quem consegue meter a mão no fiel da balança.
- Das críticas à minha crítica, nenhuma me contra argumentou nos termos que empreguei no texto. Como diria Umberto Eco, quando se é um martelo, vê-se todo o mundo como pregos.
- Tem gente que falou que André Rieu populariza a música clássica. Ué, se é assim, por que ele não fez um show gratuito no Parque do Ibirapuera (a exemplo do que fazem inúmeras orquestras brasileiras e estrangeiras) para dar uma alternativa aos seus fãs que não podem pagar centenas de reais por um lugar em seu show?
- Fala-se com muita naturalidade de “popularização da música clássica”. O que isto significa, afinal? É como falar de bacalhoadização da feijoada? Por que todo mundo que vem com este lero-lero não fala de DEMOCRATIZAÇÃO do acesso à música clássica e à cultura de maneira geral? Por que quando se pensa em algo para o povo tira-se com a maior naturalidade e cara-de-pau o valor e a dignidade do que será oferecido? É esta mesma lógica que explica a indigência das escolas, dos transportes, das moradias e dos hospitais “para o povo”?
- E tem aqueles que, ao defenderem o Rieu, falaram pérolas do tipo “se dá prazer, que mal tem?”, “ele está prejudicando a vida de alguém?” ou mesmo “ah, ele é tão bonzinho!”. Passividade pouca é bobagem...
- Se no alto filosofês tem gente que aposta na inextricável relação entre ÉTICA e ESTÉTICA, fico então pensando que o apelo mundial de André Rieu só pode ser entendido como um mal-agouro. Seria ele o primeiro cavaleiro do Apocalipse?!
- André Rieu e seu violino Stradivarius são prova cabal de que o meio NÃO É a mensagem (e que Marshall McLuhan, que cunhou a expressão “o meio é a mensagem”, revire em seu túmulo).
- Faustão apresentou falou “André Rieu e seu violino mágico”. Mágico?! O violino pode ser, mas ele, nem com macumba ou reza braba.
- Recado do além: ouvi falar que Antonio Stradivari também está se revirando do túmulo.
- Toda a atual discussão entre os prós e os contras Rieu prova uma coisa: o brasileiro só se une mesmo diante da tragédia.
- Quando André Rieu deixar o país ele irá deixar saudades... para seu produtor, para os guardadores de carro do entorno do Ginásio do Ibirapuera, para os executivos da Ingresso Rápido, enfim, para todos aqueles que se refastelaram na usura às custas da humilhação estética e da ofensa ao bom gosto.
¬- Quase terminando: no país em que a frase “os incomodados que se mudem” é tida como verdade popular só reforça a necessidade de subverter um velho ditado “gosto não se discute”. Ora, em arte e cultura vamos discutir o que então?
- Agora para encerrar: sobre o valor da discussão, cito o escritor Salman Rushdie: “No Paraíso, as palavras adorar e discutir significam a mesma coisa”. Enquanto eu adorar a música, não me cansarei de discuti-la.
Quando a argumentação faltava ao pró-Rieu, apelou-se mesmo para ignorância. Em meio a tantos comentários virulentos sobre minha pessoa, cheguei mesmo a pensar que estariam importando do Haiti alguns bonecos de vudu meus para serem vendidos na porta do Ginásio do Ibirapuera.
Como cheguei a comentar com um amigo, quando se está no meio de uma polêmica o melhor é manter-se quieto no canto, e tomar os afagos e as porradas que lhe são devidas. Fiquei em dúvida se valeria a pena escrever mais sobre o assunto. Não quero re-articular meus argumentos sobre o pop-star da música clássica: o que tinha a dizer sobre ele e sua proposta está no artigo. Mas a torrente que se seguiu trouxe coisas novas não sobre ele, mas sobre como a questão da música clássica, da crítica e do gosto está sendo debatida no país.
São tantas coisas que articulá-las num texto coeso seria um trabalho penoso para escrever e enfadonho para o leitor. Então, apostarei abaixo na linguagem direta e sintética dos aforismos, inconseqüentes, quase aleatórios, que me passaram pela cabeça a partir de toda esta confusão.
- A importação dos espetáculos do André Rieu faz pensar se já não é hora de retomarmos a reserva de mercado.
- Na prévia do show realizada no programa do Faustão nenhum fã de Rieu se sentiu minimamente ofendido em seu senso patriótico ao ouvir a “Aquarela do Brasil” em versão fiesta mexicana? Ah, não perceberam? Hum, isto explica muita coisa...
- A mistura André Rieu com Michel Teló serviu para provar uma coisa: o que é ruim pode sim ficar muito pior. Os cientistas sociais e musicólogos só não decidiram ainda o que piorou com quem.
- Rieu vem ao Brasil com sua orquestra de “top solistas”. E aqueles violinos desencontrados ficam como?
- O brasileiro, o famoso “homem cordial”, como um dia já definiu Buarque de Hollanda (não o Francisco, nem a ministra, mas sim o pai Serjão), simplesmente perde as estribeiras quando é convidado a estabelecer um mínimo de postura crítica com algo que adora e cultua: entre acusações de frustrado e invejoso rolaram vários pedidos e sugestões para a minha demissão. Ah, esta nossa jovem democracia e nosso imaturo senso de liberdade...
- Não discordo que, como ser humano, tenha inveja. Aliás, já que é para exorcizar, tenho inveja sim! Tenho inveja do Luciano Berio, do Gustav Mahler, de Igor Stravinsky, do Claudio Monteverdi e de um monte de outros compositores. Agora, inveja do André Rieu? Aff...
- Vou dar mais munição para os fãs do Rieu: o Faustão, ex-gordo, fala que o André Rieu é o maior violinista do planeta e todo mundo acredita; eu, que sou gordo e falo que ele é um picareta, ninguém dá a mínima. Posso processar os fãs do Rieu por bulling então?
- Corolário desta situação: na balança das opiniões vence não que tem mais peso, mas quem consegue meter a mão no fiel da balança.
- Das críticas à minha crítica, nenhuma me contra argumentou nos termos que empreguei no texto. Como diria Umberto Eco, quando se é um martelo, vê-se todo o mundo como pregos.
- Tem gente que falou que André Rieu populariza a música clássica. Ué, se é assim, por que ele não fez um show gratuito no Parque do Ibirapuera (a exemplo do que fazem inúmeras orquestras brasileiras e estrangeiras) para dar uma alternativa aos seus fãs que não podem pagar centenas de reais por um lugar em seu show?
- Fala-se com muita naturalidade de “popularização da música clássica”. O que isto significa, afinal? É como falar de bacalhoadização da feijoada? Por que todo mundo que vem com este lero-lero não fala de DEMOCRATIZAÇÃO do acesso à música clássica e à cultura de maneira geral? Por que quando se pensa em algo para o povo tira-se com a maior naturalidade e cara-de-pau o valor e a dignidade do que será oferecido? É esta mesma lógica que explica a indigência das escolas, dos transportes, das moradias e dos hospitais “para o povo”?
- E tem aqueles que, ao defenderem o Rieu, falaram pérolas do tipo “se dá prazer, que mal tem?”, “ele está prejudicando a vida de alguém?” ou mesmo “ah, ele é tão bonzinho!”. Passividade pouca é bobagem...
- Se no alto filosofês tem gente que aposta na inextricável relação entre ÉTICA e ESTÉTICA, fico então pensando que o apelo mundial de André Rieu só pode ser entendido como um mal-agouro. Seria ele o primeiro cavaleiro do Apocalipse?!
- André Rieu e seu violino Stradivarius são prova cabal de que o meio NÃO É a mensagem (e que Marshall McLuhan, que cunhou a expressão “o meio é a mensagem”, revire em seu túmulo).
- Faustão apresentou falou “André Rieu e seu violino mágico”. Mágico?! O violino pode ser, mas ele, nem com macumba ou reza braba.
- Recado do além: ouvi falar que Antonio Stradivari também está se revirando do túmulo.
- Toda a atual discussão entre os prós e os contras Rieu prova uma coisa: o brasileiro só se une mesmo diante da tragédia.
- Quando André Rieu deixar o país ele irá deixar saudades... para seu produtor, para os guardadores de carro do entorno do Ginásio do Ibirapuera, para os executivos da Ingresso Rápido, enfim, para todos aqueles que se refastelaram na usura às custas da humilhação estética e da ofensa ao bom gosto.
¬- Quase terminando: no país em que a frase “os incomodados que se mudem” é tida como verdade popular só reforça a necessidade de subverter um velho ditado “gosto não se discute”. Ora, em arte e cultura vamos discutir o que então?
- Agora para encerrar: sobre o valor da discussão, cito o escritor Salman Rushdie: “No Paraíso, as palavras adorar e discutir significam a mesma coisa”. Enquanto eu adorar a música, não me cansarei de discuti-la.
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